O convite da tristeza
A tristeza, dentre outras coisas, é experienciada como dor, desesperança, desânimo e desamparo. Quando entristecidos sentimos que nosso mundo e que nossas possibilidades de ação perante a vida diminuem. Uma desagradável sensação de restrição da nossa liberdade de nos projetar em nosso futuro se apodera de nós.
Ela surge da não correspondência entre a realidade e nossas expectativas a ela relacionadas; do contato com os limites de pessoas, relações, situações e/ou nossos próprios. A frustração e a decepção decorrentes de tais circunstâncias é o que nos leva a imergir na tristeza.
Apesar do amargor inerente a este sentimento, é de extrema importância que ele seja vivenciado e acolhido, pois que retém em si a possibilidade do “expurgo do idealizado”; a possibilidade de abraçarmos a realidade e nos recolocarmos perante nossa existência. Ou seja, permite que nos reorganizemos em relação ao mundo, à vida e tudo o que neles há.
É fundamental que exerçamos a capacidade de sentir tristeza, caso contrário mantemo-nos à superfície de nossas experiências, o que nos distancia de nós mesmos. Negando ou distorcendo esse sentimento, o que provavelmente se segue é um estado de apatia, indiferença e/ou vazio existencial.
Ao aceitarmos sentir a tristeza, atravessamos esse processo e podemos assim “ouvir” o convite que ela nos faz, ampliando a percepção de nossas possibilidades e escolhas e retomando nossa potencialidade de vida.
Portanto, ir às profundezas é o que permite reconectarmos com o sentido para o qual ela (a tristeza) aponta. Sentido enquanto direção, mas sobretudo enquanto significado.
“A tristeza é um livro sábio que se tem no coração e que nos diz centenas de coisas – impede-nos de apodrecer como um cogumelo debaixo de uma árvore; pouco a pouco vai fabricando uma provisão de ensinamentos para a vida.” Juliusz Slowacki
(Texto produzido pelos psicólogos André Rmalho e Stéphanie Oliveira da Equipe CPH MINAS)
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