A maternidade é como comprar uma passagem sem destino certo.
É embarcar sem mapa, sem garantias e, ainda assim, escolher seguir.
É atravessar o frio da Antártida e, num sopro, arder no calor da África.
É transitar entre extremos: remexe, aquece,
imobiliza, esfria.
É viver em paradoxos.
É se descobrir e se reinventar.
É temer e, ainda assim, ousar.
É sentir frágil e, no mesmo gesto, despertar uma força que antes dormia.
É frustração,
é satisfação,
é desistir em silêncio e continuar, silenciosamente.
É desejar que o tempo voe
e implorar que ele pare.
É colo e cansaço.
É afeto e ausência.
É amor que machuca, não por falta, mas por excesso.
É viver o desconhecido a cada novo dia, a cada nova noite mal dormida, a cada novo olhar da criança que também aprende a ser.
É estar com a sua criança interior, mas também se despedir dela em muitos momentos.
De mãe para mãe, eu desejo que você acolha todas as suas ambiguidades.
Que abrace o riso e o choro, a plenitude e a dúvida, a entrega e o esgotamento.
Ser mãe não é uma certeza.
É um exercício de presença,
de escuta, de retorno ao que é essencial.
E, mesmo nos dias em que você sentir que não deu conta, é se lembrar de que você está fazendo o melhor que pode.
E isso é imenso.
E isso já é amor.
Lilian Tarabal