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SOU O MEU DIAGNÓSTICO?

 

SOU O MEU DIAGNÓSTICO?

 

O ser humano é sempre chamado a viver momentos decisivos em relação a si mesmo. A crise ou  crisis, em latim, denuncia um período íntimo frutífero, mas permeado de vulnerabilidades e instabilidades, estas, às vezes, vividas de forma mais ou menos consciente. Algumas perguntas próprias podem brotar e levar a uma verdadeira viagem interior: Sou o que penso que sou? Sou o que aprendi que sou? Sou capaz de ser quem sou? Entretanto, dependendo da intensidade da crise, sintomas físicos e psíquicos podem emergir e convidar ao ser buscar ajuda médica na tentativa de explicar todo aquele mal estar presente em si mesmo. É na expectativa de sanar o seu problema que a pessoa pode receber, de fora pra dentro, um diagnóstico e, se assim o enxergar como um rótulo, poderá se justificar diante do mundo e freiar ou interromper a sua linda e angustiante jornada rumo a si mesmo.
Essa forma de diagnosticar, que reduz o ser a uma classificação de doença, é um desafio para nós psicólogos, pois enxergamos o ser humano para além de seus sintomas e, ainda que estes constituam uma doença, ele sempre carregará a possibilidade de uma descrição mais fidedigna do que ocorre na sua relação consigo mesmo. Uma pessoa com o diagnóstico de depressão não é um ser todo depressivo ou uma pessoa que possui transtornos de ansiedade não é somente uma pessoa ansiosa. O ser possui em si inúmeras outras percepções que TAMBÉM deverão ser consideradas no seu processo de compreensão do que se passa consigo.
Retomando a sua etimologia, a palavra diagnósticosignifica conhecer (gnossis) através (dia). Portanto, posso conhecer o que me afeta através de minhas lentes também. Essas lentes carregam em si mesmas toda a perspectiva da minha história e podem lançar o meu olhar sobre as minhas experiências, sejam elas passadas ou presentes, facilitando o meu processo de significação e autocompreensão. Este me descortina para um território muito mais amplo, colorido e vasto de mim mesmo onde saídas novas e criativas estão a ser descobertas! Afinal, “o mapa não é o território” (Alfred Korzybski).
É importante ter a clareza de que o diagnóstico nunca foi o vilão. Pelo contrário, quando utilizado de forma respeitosa, bem ponderada e não apenas como uma categorização, pode trazer informações e facilitar o processo de desenvolvimento de uma pessoa. A atitude do profissional através do qual o diagnóstico é construído interferirá em muito se o mesmo será liberta-dor ou dificulta-dor dessa viagem interior despertada pela crise.  Uma verdadeira companhia, pode me facilitar o encontro com alguma nova parte de mim nascendo. E isso pode determinar a direção de toda uma vida.
“O que esperamos nós quando desesperados, e mesmo assim, procuramos alguém? Esperamos, certamente, uma presença por meio da qual nos é dito que o sentido ainda existe” (BUBER).
(Texto escrito pelas psicólogas Ana Lídia Mafra e Lilian Tarabal da EQUIPE CPH MINAS).

 

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