ENCONTRO
Sermos vistos em nossa verdade, livre de julgamentos e com a mais plena aceitação possível, é algo libertador (ou liberta-dor se preferir). Devolve-nos ao nosso eixo tantas vezes abalado ou perdido nas inúmeras demandas de nossas vidas. Tal olhar retém a potência de uma espécie de salva vidas existencial, o qual nos desafoga de nossas angústias no enfrentamento da vida. Um encontro legítimo faz que o impossível, quando não o deixa de ser, seja no mínimo mais suportável. Já não nos sentimos tão sós e desamparados diante do inevitável.
Em muitos momentos de encontro legítimo sentimo-nos como que resgatados de um calabouço frio e solitário. Somos profundamente tocados ao receber os primeiros raios de luz daquele sol relacional após períodos de clausura. Não que a dor se dissipe magicamente, mas já não é vazia de sentido. Pois o verdadeiro encontro é isso também: possibilidade de resgate de sentido; esse combustível que nos move pelos caminhos da vida. Reabastecidos, seguimos em frente fortalecidos e – talvez por graça, por gratidão – desejantes de retribuir, de distribuir essa luz que nos toma e transborda. Leva-nos a querer encontrar mais.
Não que isso nos imunize de novos desencontros. Mas um encontro verdadeiro, plenamente vivido, torna-se critério vital. Já não podemos nos contentar com menos; exigimos que seja mais! Exigimos para nós mesmos e para todos, pois que, quanto mais “encontrados” mais facilitamos que o outro se encontre e, quanto mais o outro estiver de posse de si, também ele nos auxilia em nosso constante “ser mais”. Uma verdadeira retroalimentação crescente e, por que não, positiva.
Mas não sejamos ingênuos; são necessárias doses altas de cuidado para que nossos encontros não se tornem desencontros e prossigam sendo fonte de crescimento rumo ao nosso ser mais pleno possível. Num encontro genuíno encontrar o outro é ir de encontro a si mesmo.
(Texto produzido pelos psicólogos André Ramalho e Stéphanie Oliveira da Equipe CPH MINAS – conheça nosso trabalho em www.cphminas.com.br).