AUTORREFLEXÃO E ALTERIDADE
Autorrefletir é voltar a atenção sobre nós mesmos refletindo sobre nossas emoções, sentimentos, pensamentos, atos e condutas. Condição fundamental para aprofundarmos o processo de autoconhecimento.
A clareza que experienciamos ao conhecer nosso mundo íntimo permite uma maior e melhor administração da vida psíquica. Nosso raciocínio e percepção em relação aos limites, possibilidades, dificuldades e facilidades tornam-se mais lúcidos, o que permite que tenhamos a real dimensão de nossos problemas e conflitos existenciais bem como dos recursos que possuímos para com eles lidar.
Essa clareza é atingida através do desenvolvimento de uma visão interior que não acusa nem julga, mas apenas observa de maneira imparcial e realista, permitindo que nos conheçamos o mais plenamente possível. Esse olhar para conosco facilita também que tenhamos um olhar semelhante para com os outros. Quanto mais nos conhecemos em nossa intimidade mais nos habilitamos a conhecer e valorizar a alteridade.
O reconhecimento e aceitação de nossas dificuldades e limitações, sem que por tê-las nos consideremos inferiores, faz com que desenvolvamos uma conduta aceitadora e não julgadora em relação ao outro, pois que este também não se define por seus limites. Uma atitude menos combativa em relação a nós mesmos e acolhedora de nossas diferenças favorece que tenhamos uma atitude igualmente não combativa e acolhedora para com as outras pessoas. O diferente já não mais nos ameaça, pois que é apenas uma dentre as infinitas possibilidades de ser no mundo.
Enfim, é sumamente importante tomarmos consciência do quanto de nós mesmos, dos outros e da realidade desconhecemos. Admitir o quanto não sabemos leva-nos à humildade e nos incentiva na busca do aprendizado, da sabedoria, e do respeito no que se refere a nós e aos outros e, sobretudo, nos protege de assumirmos uma conduta alienada, projetiva e não responsável em nossas vidas. O conhecimento do desconhecimento é a porta de entrada do realismo e da sabedoria.
“As pessoas ignorantes não procuram sabedoria. O mal da ignorância está no fato de que aqueles que não são bons nem sábios estão, apesar disso, satisfeitos consigo mesmos. Não desejam aquilo de que não sentem falta.” Platão
(texto produzido pelos psicólogos André Ramalho e Stéphanie de Oliveira – Equipe CPH MINAS)