APRENDENDO COM O MEDO
Medo de elevador, medo de avião, medo de assalto, medo de adoecer, medo de falar em público, medo de sofrer, medo do novo, medo de errar, medo de perder, medo de ganhar, medo de pedir, medo de receber, medo de se decepcionar, medo de amar, medo de morrer e até medo de viver! Quantos medos são presentes em nossas vidas! Podíamos fazer uma lista enorme das suas variações dentro de nós e, ainda assim, não abarcaria todas as suas facetas. O certo é que, enquanto humano que somos, sentimos naturalmente essa emoção que engloba nosso organismo em suas esferas física e psíquica. De acordo com a história de cada um de nós, o MEDO irá se apresentar em diferentes intensidades e com significados diversos. Embora tão falado e tão “desconfortavelmente” sentido, qual enfim é o papel do medo em nós? O que ele quer de nós?
O MEDO é, essencialmente, um mecanismo de alerta que anuncia que um perigo real ou imaginário nos ronda e, portanto, prepara-nos para enfrentá-lo ou evitá-lo. Entretanto, carrega um convite muito especial ao ser humano: PRESERVE-SE, PROTEJA-SE! Ele tem a capacidade de reorganizar rapidamente a nossa percepção para lidar com um desafio que se apresenta dentro ou fora de nós. Em síntese, embora pareça paradoxal, o MEDO é amigo da vida. Ele quer nos abrigar de todas as incertezas e impermanências inerentes à existência! Mas, e quando ele perde a medida e nos paralisa?
Quando transformado em uma reação paralisante e intensa, ele compromete a nossa relação com o mundo que nos cerca, chegando a se manifestar como fobias ou pânico. Esses sintomas impedem a pessoa de confiar em si mesma e, com isso, de utilizar as suas diversas potencialidades e capacidades para lidar com o objeto de seu medo, sentindo-se frequentemente impotente diante da situação. É como se esse volume de MEDO convencesse a pessoa de ser uma incompetente existencial. Outras vezes, o medo se apresenta de forma mais sutil e, portanto, difícil de ser claramente identificado em nosso dia-a-dia, como por exemplo, vestindo-se de timidez, pessimismo, ceticismo, vaidade, tédio, dentre outros. Essa face oculta do medo torna a vida dificultada, pois impede a pessoa de entrar em contato com o que realmente a aflige. O medo pode, independente de suas manifestações, consumir-nos silenciosamente e transformar-nos em reféns de sua força. Como cuidar desse gigante da alma humana?
É importante ter coragem não somente para enfrentá-lo, mas, sobretudo, para acolhê-lo e tentar compreendê-lo em suas diversas dimensões e significações. O que o medo precisa é perceber em nós um real interesse em escutá-lo, como um amigo cuidadoso e afetivo motivado a conhecê-lo: O que queres de mim? Do que tanto quer me proteger? O que está querendo evitar? Vamos tomar um chá? Com esse diálogo (terapêutico), sem julgamento, reinicia-se o processo de despertar do nosso poder pessoal e, o maior gigante de todos estará novamente sob cuidados: o MEDO de sermos nós mesmos!
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