A Interdependência como oportunidade de CUIDADO
Apesar das grandes incertezas do momento que despertam em cada um de nós uma infinidade de sentimentos, estamos tocados pelo tema que está posto nas entrelinhas de todo o processo da Pandemia: a nossa real e profundainterdependência humana.
A afirmação das nossas diferenças culturais, religiosas, étnicas, ideológicas e outras mais, são convidadas, compulsoriamente, a darem lugar à consciência essencial de que somos HUMANOS concretamente entrelaçados a partir das nossas relações. E cada vez mais, as nossas distâncias vão nos aproximando da imperativa realidade da nossa mútua dependência. Outrora tão negada, nesse momento somos chamados a percebê-la a partir do reconhecimento elementar do que define a vida: o AR, respiramos a mesma existência desde que nascemos.
Carl Rogers, importante psicólogo americano, há décadas nos orientava sobre essa realidade: “Aquilo que é mais pessoal, é o que há de mais geral”, dizia ele. Somos seres cujas necessidades pessoais, sejam físicas ou psíquicas, em maior ou menor grau são universalmente compartilhadas. Entretanto, não basta nos sentirmos humanamente semelhantes, torna-se necessário nos predispormos a ESTAR nas relações verdadeiramente como humanos que SOMOS. Por isso, somente com o desenvolvimento da atitude de empatia é que estaremos criando um sólo fertilizado pela confiança e cuidado para co-habitarmos a existência. A empatia é e será a base do nosso cuidado ontogenético para mantermos acesa a força propulsora da vida que habita em cada um de nós!
Em tempos de COVID-19, certamente a nossa interdependência nos solicita cuidados básicos, mas antes de tudo nos exige o despertar da consciência de que nossa sobrevivência humana está condenada ao autêntico aprendizado da reciprocidade.
(Texto produzido pela psicóloga Ana Lídia Mafra, Equipe CPH MINAS, www.cphminas.com.br)